Com a virada do ano se aproximando, a expectativa da queima de fogos no Réveillon pode representar um desafio significativo para famílias que convivem com crianças que possuem hipersensibilidade auditiva. Esta condição, embora seja comum em crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), não se limita a esse grupo. A presença de fogos de artifício estrondosos pode gerar desconforto e angústia consideráveis para essas crianças e suas famílias.
A Hipersensibilidade Auditiva e sua Relação com o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
A hipersensibilidade auditiva é uma manifestação da Disfunção de Integração Sensorial (DIS). Esta disfunção é diagnosticada por terapeutas ocupacionais com especialização em Terapia da Integração Sensorial. Para crianças que manifestam desconforto em relação a sons cotidianos ou súbitos e altos, é crucial que as famílias busquem orientação para aprender a lidar com momentos estressantes desencadeados por esse tipo de estímulo, que podem resultar em sobrecarga sensorial e emocional.
Estudos indicam que entre 56% e 80% das pessoas com TEA experimentam hipersensibilidade, caracterizada pela alteração no processamento sensorial auditivo, influenciando a percepção de estímulos, especialmente diante de sons, que são percebidos de maneira intensificada. O som dos fogos de artifício pode ser percebido como excessivamente alto para essas crianças, chegando a ser comparado a uma sensação dolorosa.
Impacto dos Fogos de Artifício na Hipersensibilidade Auditiva
De acordo com Bruna Souto, terapeuta ocupacional especializada em Integração Sensorial na Clínica Ninho, os fogos frequentemente causam angústia e sofrimento para aqueles com hipersensibilidade auditiva. Ela ressalta que o que pode ser uma sensação considerada normal e tolerável para pessoas neurotípicas, sem transtornos do desenvolvimento, pode ser encarado como um estímulo verdadeiramente aversivo para uma pessoa autista com disfunção sensorial.
Alternativas para Reduzir o Impacto nos Indivíduos com TEA
Recentemente, algumas cidades têm adotado a prática de queima de fogos silenciosos para amenizar o desconforto de pessoas com transtornos ou disfunções sensoriais, além de proteger os animais, que possuem uma audição mais aguçada. Contudo, mesmo com essas iniciativas, muitas pessoas com TEA continuam a enfrentar desafios relacionados ao barulho dos fogos em locais que ainda não adotaram essa prática inovadora.
Conclusão: Sensibilização para uma Celebração Inclusiva
Em meio às festividades de Réveillon, é essencial que a sociedade se sensibilize para a diversidade de experiências, especialmente aquelas relacionadas à hipersensibilidade auditiva. Promover a conscientização sobre os desafios enfrentados por indivíduos com TEA durante a queima de fogos pode contribuir para a adoção de práticas mais inclusivas, garantindo que todos possam desfrutar das celebrações de Ano Novo de maneira agradável e respeitosa.